Está aberta uma consulta pública para a incorporação da vacina do vírus sincicial respiratório A e B (recombinante) para prevenção da doença do trato respiratório inferior e da doença grave do trato respiratório inferior (DTRI) causada pelo vírus sincicial respiratório (VRS) em bebês até os seis meses de idade, por imunização ativa de gestantes com 32 a 36 semanas. Qualquer pessoa pode deixar uma contribuição até dia 09 de dezembro. Para isso, basta fazer login em sua conta do portal gov.br.
O que é o VRS?
A pneumonia e a bronquiolite são duas doenças causadas pelo vírus sincicial respiratório (VRS), por exemplo. Além disso, de acordo com uma pesquisa do Instituto IPEC, essas são duas das doenças que mais preocupam as gestantes. No entanto, a maioria das pessoas desconhece a relação dessas condições com o VRS, ainda conforme o estudo.
O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é um patógeno respiratório comum que causa infecções do trato respiratório, especialmente em crianças pequenas e bebês. Ele é um dos principais responsáveis por doenças como bronquiolite e pneumonia em lactentes (75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias), com a maioria das crianças sendo infectada pelo menos uma vez até o seu segundo ano de vida.
O VSR é altamente contagioso e se espalha através de gotículas respiratórias ou por contato com superfícies contaminadas. Embora a doença possa ser leve em adultos e crianças mais velhas, em bebês e crianças pequenas, ela pode levar a complicações sérias, hospitalizações e morte. No entanto, é importante salientar que não há tratamento efetivo para VSR e que o manejo existente é apenas para suporte.
Os estudos apresentados demonstraram que a vacina reduz a incidência de infecções graves nas vias aéreas inferiores em lactentes, com taxas de infecção de 0,5% no grupo vacinado em comparação a 1,8% no grupo placebo, além de uma redução de 56,8% nas hospitalizações após 180 dias do nascimento.
Embora a maioria dos eventos adversos maternos tenha sido leve a moderada, houve relatos de eventos graves, e o percentual de partos prematuros foi maior no grupo vacinado, embora sem significância estatística. A análise econômica indicou um custo incremental de 601 milhões no primeiro ano e R$ 574 milhões ao final do quinto ano de incorporação. A Conitec, em sua recomendação inicial, optou por não incorporar a vacina devido a incertezas sobre a segurança, a baixa qualidade das evidências e o elevado impacto orçamentário.
Portanto, a incorporação da vacina recombinante contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) A e B no Sistema Único de Saúde (SUS) pode trazer diversos impactos positivos, tanto para a saúde pública quanto para a gestão pública como um todo.
Vale destacar que a incorporação da vacina recombinante contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) A e B no SUS é uma medida essencial para enfrentar as desigualdades no acesso à saúde no Brasil, especialmente em áreas rurais remotas e favelas urbanas, onde a maioria das crianças não vacinadas reside. De acordo com estudo do Instituto Butantan, a maioria das crianças que não foram imunizadas vive em regiões de conflito e áreas com serviços de saúde escassos, enfrentando barreiras significativas, como a dificuldade de deslocamento e a falta de recursos para acessar as unidades de saúde.
A vacinação contra o VSR não apenas reduziria a incidência de doenças respiratórias graves, mas também contribuiria para a diminuição da mortalidade infantil, que poderia ser evitada em duas em cada três mortes de bebês com até um ano, conforme apontado pelo Observatório de Saúde na Infância.
Além disso, a vacinação traz benefícios econômicos e sociais, pois crianças saudáveis faltam menos à escola e creches e seus cuidadores precisam se afastar menos do trabalho, resultando em uma melhoria na renda familiar e no desenvolvimento econômico do país. Portanto, investir na vacinação contra o VSR é um passo essencial para garantir um futuro mais saudável e equitativo para todas as crianças brasileiras, alinhando-se aos esforços do Plano Nacional de Imunizações (PNI) e contribuindo para a superação das desigualdades regionais.
Leia abaixo o documento na íntegra com a contribuição da CDD:
O que dizem os médicos?
A médica e sanitarista Melissa Palmieri relata que 50 a 80% das infecções de trato respiratório inferior são em decorrência do vírus sincicial respiratório A e B. Ainda de acordo com a especialista, esse vírus é altamente contagioso, infectando praticamente todas as crianças que tenham contato até os 24 meses de vida.
Além disso, a maioria dos bebês hospitalizados em UTI ou que morreram devido ao VSR são bebês que nascem saudáveis.
Posicionamento da CDD
Na 135ª Reunião Ordinária da Conitec, realizada no dia 06, 07 e 08 de novembro de 2024, os membros do Comitê de Medicamentos optaram, de maneira unânime, por não recomendar, preliminarmente, a incorporação da vacina. No entanto, a CDD acredita firmemente que esta tecnologia deve ser adotada para atender a esse grupo específico. Assim, consideramos a sua potencial eficácia na redução de hospitalizações e infecções graves.
Dado que o VSR é responsável por até 75% dos casos de bronquiolite e 40% das pneumonias em crianças menores de dois anos, a vacinação de gestantes pode reduzir a incidência dessas doenças, protegendo os bebês durante os primeiros meses de vida, quando são mais vulneráveis. Portanto, isso não apenas melhora a saúde das crianças, mas também reduz a necessidade de intervenções médicas complexas e dispendiosas.
Então, para a CDD, a incorporação da vacina está alinhada com as diretrizes de saúde pública que visam a erradicação de doenças preveníveis. Ou seja, investir em vacinas ainda continua sendo uma estratégia fundamental para melhorar a saúde da população e reduzir a incidência de doenças infecciosas.
Certos da relevância desta incorporação, contamos com a alteração da recomendação inicialmente proferida, e nos colocamos à disposição desta Comissão para os importantes avanços em saúde pública da população brasileira.
Saiba como participar da consulta pública:
A consulta pública para avaliar a incorporação da vacina do vírus sincicial respiratório A e B vai até o dia 09 de dezembro. Opine sobre o assunto e participe da consulta pública: acesse o portal da Conitec.