CDD incentiva participação social em consultas públicas de DPOC

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição de saúde com alto número de incapacitações, alta mortalidade e alto custo, tanto para os pacientes, quanto para o sistema de saúde. Sua prevalência no Brasil é de aproximadamente 16% entre os indivíduos acima de 40 anos de idade.

Um dos principais problemas para o tratamento da DPOC é a dificuldade do uso dos diversos dispositivos inalatórios, gerando má adesão ao tratamento e o uso incorreto dos medicamentos.

Tratamento

O protocolo GOLD (Global Initiative for Chronic Obstructive Lung Disease) é o mais eficiente modelo e é o padrão internacional de tratamento para esta condição. Já no Brasil, o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) nacional ainda não contempla este protocolo – embora alguns estados tenham protocolos específicos que o indiquem.

De acordo com o GOLD, para casos de DPOC graves, exacerbadores ou com inflamação eosinofílica, a indicação é a chamada terapia tripla. Esse tipo de tratamento combina broncodilatadores de longa ação por via inalatória (LABA e/ou LAMA) e um corticoide inalatório.

Diversas publicações e recomendações internacionais sugerem o uso de um único dispositivo como forma de otimizar o tratamento. Por isso, o uso da terapia tripla em um único dispositivo melhora a adesão ao tratamento e seu uso correto.

Isto é, a terapia tripla em um único dispositivo minimiza o risco de exacerbações e internações. Assim, proporciona um manejo mais eficaz da DPOC e reduz a carga sobre o sistema de saúde.

Atuação da CDD pela participação social

Seguindo os trâmites de participação popular previstos pelo regimento, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu, entre julho e agosto de 2024, duas consultas públicas (nº 42 e nº 44). As consultas tiveram por objetivo a coleta de opiniões a respeito da incorporação de duas tecnologias de terapia tripla fixa: o beclometasona +formoterol+ glicopirrônio (nome registrado: Trimbow, CP nº 42) e o Fluticasona+ umeclidínio+ vilanterol (nome registrado: Trelegy, CP º 44).

Ciente da importância da incorporação da terapia tripla fixa ao SUS, pela sua eficácia clínica e também pelos benefícios econômicos e de gestão que ela proporciona, a CDD junto ao seu setor de advocacy, participou ativamente das consultas. Contribuímos de diferentes formas num movimento de conscientização e engajamento da nossa comunidade – formada por pessoas que convivem com DPOC, familiares, médicos e cuidadores.

Para tal, a CDD realizou acolhimento e coletou relatos de pessoas que convivem com DPOC, preparando-os para contribuição com seus depoimentos sobre a importância que tais medicamentos. No dia 29 de julho, reunimos pacientes que já utilizaram ambas as tecnologias em avaliação para contarem sua experiência num webinar com a pneumologista Ângela Honda.

A CDD também fez contribuições relacionadas às evidências clínicas, com material que enfatiza que Terapias fixas triplas tem eficácia superior comprovada, reduzem mortalidade, melhoram adesão ao tratamento e reduzem erros na administração do medicamento. Isso é corroborado por diretrizes internacionais recentes, que destacam a importância da terapia tripla na gestão da doença.

O uso incorreto dos dispositivos inalatórios está associado a um aumento no risco de exacerbações e internações. Então a terapia tripla em um único dispositivo minimiza esses riscos, proporcionando um manejo mais eficaz da DPOC.

Outro aspecto que deve ser enfatizado no debate sobre a incorporação das terapias triplas fixas diz respeito ao impacto econômico demonstrado pelos estudos orçamentários. As duas tecnologias apresentaram um impacto orçamentário incremental negativo para o sistema, com uma economia de 293 milhões de reais para o Trimbow e 111 milhões de reais para o Trelegy.

Considerando que alguns estados já disponibilizam a terapia tripla fechada, a padronização do tratamento a nível federal potencializa o ganho de escala na aquisição dos medicamentos pelo Governo. Por fim, relativamente ao impacto econômico, a CDD aponta que há diminuição das exacerbações do quadro e consequentes hospitalizações das pessoas que convivem com DPOC em consequência da maior e melhor adesão ao tratamento e do uso correto das terapias inalatórias.

Nesse sentido, defendemos que os recursos possam ser direcionados para outras áreas da saúde pública, aumentando a vida ativa e produtiva dos pacientes de doenças crônicas no país. Você pode conferir no site da CDD o artigo completo que publicamos sobre o tema. Além disso, assista ao webinar em que discutimos essa pauta no YouTube da CDD.

Ao final, a Consulta Pública nº 42/2024 teve 1903 participações. Por sua vez, a Consulta Pública nº 44/2024 teve 1608 participações.

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